Diante do conceito de "Compaixão", trabalhado no SG foi solicitado aos alunos que escrevessem um conto com o objetivo de perceber a assimilação e entendimento de tal conceito. Segue abaixo o conto produzido pelos discentes do Primeiro Período (II Turma) do curso de Medicina.
Um ato de compaixão
"Doutor Pedro, um importante neurocirurgião, parado no semáforo após buscar seu filho na escola, foi abordado por um homem armado, que logo de cara ameaça o menino de morte. O sujeito exige que o médico saia do carro e entregue as chaves. Feito isso, o assaltante sai com o carro e leva junto o garoto.
Após alguns dias de angústias e busca policial, seu filho é encontrado amarrado, desidratado, desnutrido e cheio de hematomas e machucados em uma casa abandonada, em um dos locais mais perigosos do Rio de Janeiro.
Depois de muita investigação e busca através de um retrato falado feito pelo doutor Pedro, o criminoso é identificado. Seu nome era Marco Aurélio, e ele já tinha uma ficha criminal extensa. Entretanto, mesmo com a identificação, o suspeito não foi encontrado.
Alguns dias depois, caminhando como de costume pelo parque próximo ao hospital onde trabalhava, o médico se depara com um homem estirado no chão. Ao aproximar-se, percebeu que a pessoa havia sido baleada na cabeça, mas ainda respirava. Após examinar com mais cuidado, assustou-se ao notar que se tratava do homem que havia sequestrado seu filho e roubado seu carro.
No primeiro instante, ficou paralisado com a situação, mas não pensou duas vezes em chamar uma ambulância, encaminhar e acompanhar o indivíduo ao hospital. Chegando lá, mesmo com a presença de outros neurocirurgiões, ele se ofereceu para realizar a cirurgia.
Como o paciente havia sido baleado, a polícia foi chamada para averiguar a situação e investigar as causas da tentativa de homicídio. Os policiais confirmaram a identificação feita pelo doutor Pedro. Tratava-se realmente de Marco Aurélio. O caso teve repercussão nacional, e ao ser questionado sobre o porquê de ter se disposto a tratar o criminoso que lhe avisa causado tanto mal, respondeu:
- Tudo se resume a um ato de compaixão. Como já dizia William Shakespeare, 'quem sofre sozinho, sofre muito mais em sua mente. Mas a mente com muito sofrimento, pode superar-se, quando a dor tem amigos e suportam a sua companhia. Quão leve e suportável a minha dor parece agora'.
Depois de refletir um pouco, ainda disse:
- Devemos nos compadecer com o sofrimento do outro. Ele agiu de acordo com sua 'natureza' e eu de acordo com a minha."
( José Mauro, Lara Vilares, Ligia Campos, Breno Christ, Jéssica Montozo e Ian Santos)